Para você ficar por dentro das tendências para bares em 2025 chamamos cinco especialistas e profissionais do ramo cervejeiro, de cervejarias, bares e restaurantes para compartilhar o que os empreendedores precisam estar atentos.
Contamos com a participação de:
- Alam Corrêa, diretor executivo do BeerSales;
- Alexandre Flores, sócio fundador da Beerpass;
- Filipi Bortolini, consultor de negócios da Beer Business;
- Gilberto Tarantino, presidente da Abracerva (Associação Brasileira da Cerveja Artesanal) e sócio da Cervejaria Tarantino;
- Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).
Confira os comentários e fique por dendro das tendências para 2025!
A Inteligência Artificial (IA) está revolucionando diversos setores, e o de alimentos e bebidas não é exceção. Para 2025, empreendedores podem prestar atenção em algumas aplicações da IA, como:
- Melhoria e otimização de receitas e cardápios: Utilizar a IA para analisar dados de vendas e preferências dos clientes. É possível ajustar e personalizar receitas para garantir que o menu atenda aos gostos e demandas dos consumidores. Além disso, a IA pode ajudar a prever quais itens serão mais populares em diferentes épocas do ano.
- Otimização de custos e processos: Sistemas de IA podem ajudar na análise de dados, facilitando o entendimento sobre fluxo de vendas e movimentação de estoque, reduzindo desperdícios e custos operacionais. Ferramentas avançadas de análise de dados podem identificar padrões e sugerir ajustes em tempo real para aumentar a eficiência.
A sustentabilidade é uma tendência crescente e crucial para o futuro dos empreendimentos. Dentro disso, acredito que os empreendedores podem considerar:
- As informações claras em rótulos: Os consumidores estão cada vez mais conscientes sobre o que consomem e querem transparência. Por isso, garantir que os rótulos dos produtos incluam informações claras sobre ingredientes, origem e práticas de produção pode aumentar a confiança e a lealdade deles.
- Além disso, prestar atenção na questão do impacto ambiental. Reduzir o impacto deve ser uma prioridade. Isso pode incluir práticas como o uso de embalagens biodegradáveis, reciclagem e redução de resíduos, além de otimizar o uso de água e energia no processo de produção.
- Cuidado com as pessoas: Assegurar condições justas de trabalho e investir no bem-estar dos funcionários não apenas cumpre uma responsabilidade social, mas também pode melhorar a produtividade e a moral da equipe. Os clientes também apreciam marcas que se preocupam com seus trabalhadores.
Acredito que a tecnologia estará cada vez mais presente nos pontos de vendas. Tecnologias que buscam tanto eficiência (como totens e autosserviço de bebidas), como também as que buscam fidelização e comunicação com o cliente, como os aplicativos, programas de fidelidade e outras.
"Outra grande tendência é a questão do “figital”, essa integração entre o físico e o digital que fica cada vez mais evidente. Isto é, com soluções que conectem ações no mundo físico, como ida ao bar, consumos no local e eventos com plataformas online para engajar os consumidores."
Quanto ao consumo, vem aí há um tempo um crescimento na expressividade das bebidas sem álcool e mais naturais. Essa é uma tendência que as grandes cervejarias já estão abraçando, mas os bares e cervejarias artesanais precisam também responder.
E o mercado de cerveja artesanal teve uma expansão muito forte há alguns anos, porém passou por uma consolidação com várias cervejarias fechando ao longo de 2023. Esse ano o setor já mostra crescimento e deve retomar com um crescimento sustentável na medida que o público entende cada vez mais sobre o produto, sobre a cerveja, ou como quer consumi-la.
No ano de 2023 o número de cervejarias no Brasil cresceu 7%, chegando a 1847, o menor percentual desde 2005. Entretanto, esse percentual significou 118 novas cervejarias, o equivalente a uma nova fábrica abrindo as portas a cada três dias.
Creio que os números de 2024, quando divulgados, devem apontar um aumento semelhante de estabelecimentos, especialmente no segmento de Brewpubs, e, provavelmente, entraremos em 2025 com mais de 2.000 cervejarias instaladas.
"Uma tendência que não pode deixar de ser observada é que o segmento da cerveja sem álcool tem crescido muito em todo o mundo. No Brasil, enquanto a produção de cervejas cresceu 4,3% de 2022 para 2023, a produção de cervejas sem álcool cresceu 30,9% e, de 2023 para 2024, os percentuais estimados são 3,8% e 26,8%, respectivamente, segundo dados do Sindcerv."
Além disso, vem se observando uma diminuição no consumo de cerveja entre a população mais jovem. Desse modo, pode ser interessante que as cervejarias e os Brewpubs invistam em estilos de cerveja que possam ser atrativos para esse segmento e, também, em outros tipos de bebida que interessem a esse público, tal como drinks em latas ou servidos nas torneiras. Há cervejarias que, inclusive, estão produzindo seus próprios destilados com esse fim.
Outro ponto de extrema importância é o cuidado com a experiência que os clientes vão ter ao visitarem a cervejaria e o Brewpub. O público busca, cada vez mais, ter interações e experimentações diferenciadas, que fujam do "mais do mesmo", e isso vale tanto para as cidades onde há fluxo de turistas quanto as que tem um público frequentador fiel e que precisa se manter interessado.
Acho que a tendência do futuro, no mundo, é as cervejas com menor teor alcoólico ou até a zero álcool. Isso já é uma tendência. Eu acabei de voltar da República Tcheca, o país criador da Pilsen, e vi muita cerveja sem álcool por lá, muita. E também estive em reuniões internacionais com outras associações de cervejeiros e o objetivo é realmente trabalhar a cerveja na gastronomia, na parte de geração de eventos, na parte da comunidade.
Tudo isso leva cada vez mais a cerveja em direção da conversa sobre o teor alcoólico. Na verdade, não só a cerveja, mas todas as bebidas.
E a cerveja já é a bebida da confraternização, já é a bebida do consumo responsável. Mas o que eu estou vendo é, no mundo todo, uma tendência para cervejas com menor teor alcoólico.
"Quando eu era importador, a Founders americana lançou uma Session IPA com 3.2 de teor alcoólico, que já foi o prenúncio de tudo isso. E agora, na República Tcheca, eu vi cervejas com muita fruta, com 0,03 de teor alcoólico, vendendo de caixas em supermercado."
Bom, fora isso, a gente tem um momento muito positivo do lúpulo aqui no Brasil. O lúpulo brasileiro ainda está engatinhando, mas tem um mercado gigante aí. Tem cooperativas sendo formadas, grupos pensando em fazer investimento, então acho que essa vai ser uma outra grande estrela também.
Uma das principais tendências econômicas para 2025 no setor de bares e restaurantes está relacionada à implementação das mudanças trazidas pela reforma tributária.
Apesar da implementação em si começar a partir de 2026, como as alíquotas e regras são definidas agora, é fundamental acompanhar de perto o processo e começar a se preparar para os impactos na gestão financeira.
Na economia, a inflação também é um fator a se acompanhar de perto. O Banco Central vem subindo as taxas de juros para trazer a inflação à meta, mas os bares e restaurantes enfrentam um quadro difícil, principalmente aqueles que ainda trazem dívidas dos tempos de pandemia.
Outras tendências envolvem a eficiência operacional e melhorias contínuas. O trabalho intermitente, que foi aprovado recentemente pelo STF, abre novas perspectivas para o setor, permitindo uma revisão na forma de contratação dos profissionais, que já existia desde 2017, mas agora será oficializado, trazendo mais flexibilidade e eficiência na gestão de equipes.
Além disso, a produtividade é um tema central para o próximo ano, com a necessidade de estratégias mais eficazes para otimizar operações e reduzir custos, garantindo a competitividade e a sustentabilidade dos negócios no longo prazo.
"A expectativa para a temporada de verão de 2025 é bastante positiva para o setor de bares e restaurantes, com muitos empreendedores projetando um aumento nas vendas devido ao maior fluxo de consumidores durante as férias, festas de fim de ano e confraternizações."
Esse período, que tradicionalmente representa um pico de demanda, traz também o otimismo para a recuperação financeira dos estabelecimentos, muitos dos quais enfrentam desafios devido aos custos elevados ao longo do ano.
Além disso, a expectativa de aumento nas vendas impulsiona a contratação de mão de obra. Cerca de 40% dos empresários pretendem ampliar suas equipes para atender à demanda crescente, oferecendo premiações, treinamentos e salários mais competitivos como estratégias para atrair e reter talentos.
Esse movimento visa garantir uma experiência de qualidade aos clientes e a eficiência operacional necessária para aproveitar ao máximo o potencial de vendas no fim de ano.
Com as festividades e o pagamento do 13º salário, muitos consumidores estarão com mais disposição para gastar, o que gera uma grande oportunidade para os negócios.
O otimismo é palpável, com os empreendedores confiantes de que esse aumento no faturamento ajudará a equilibrar as finanças e proporcionar um encerramento de ano mais positivo.
